domingo, 11 de março de 2012

Lembrete #004 [ CRUZ ]


    

Seus passos eram lentos, um após o outro, cada movimento uma luta. A mochila parecia mais pesada do que podia levar, quase uma cruz. Tanto se passa em sua mente. Sem ter dúvida, um pouco de medo talvez, ele continua a caminhar.
    Cada vez se vê mais perto daquela porta. Não era apenas a da sala de aula, era mais uma cova dos leões, ou talvez o ponto final dessa sua via dolorosa. Era ali. Ao atravessar aqueles batentes entraria no gólgota.


    Seu caminho não é fácil, sente os olhares, que lhe cortam a alma como cusparadas. Como se lhe batessem com caniços, os cochichos, os risinhos, a desaprovação cortam sua carne. Tudo isto coroado com os espinhos de suas limitações, o jeito sem jeito ás vezes. Teria que vencer a timidez, a angustia, a vergonha, todas ali, babando como cães famintos, prontos para devorá-lo ao primeiro descuido.
    Ali, pregado na madeira da cadeira. Indagações despencam sobre suas costas. Professores, alunos, todos, o questionam, o desafiam, desdenham de sua fé, de seu posicionamento, irredutível permanece. Fé. Seus erros, deslizes, vacilos, muitas vezes, mais que os dos outros, são lembrados. Ele ali, apanha sem reclamar, sem se perder, sem gritar. Discute, argumenta, mas não perde a linha. Sua vontade era mandar todos a merda, mas milagrosamente, apenas pede: “Pai, têm misericórdia deles pois não sabem o que dizem. E de mim, pois se me deres forças eu bato em todos eles.”
    Ao fim é dado como morto, um morto incorrompível. Retira-se ao termino da aula com a impressão de ser mais um derrotado, que apenas envergonhara a Cristo. Não havia levado ninguém a lágrimas com seus posicionamentos, as gargalhadas. Por mais racional que fosse, parecia que ninguém percebia. Sua fé pensante destoava do fanatismo que seus amigos tinham por suas doutrinas pagãs. Mas não importava. Não fazia diferença.
    “Não fez diferença...” era só o que pensava nos dias seguintes. Um tempo depois, mais ou menos 3 dias, caminha pelo campus em paz, mesmo um tanto desanimado. Alguém vem em sua direção. Quem? Ele? Impossível que queria falar comigo, pensa nosso mártir. Mas era isto mesmo. Um milagre. Estou desesperado, são as palavras que ele escuta, de um jovem antes forte e prepotente, mas agora com lágrimas lavando um rosto sem esperança. Ele rasga seu coração. Problemas em casa, na faculdade. Não sabia mais a quem procurar. Não via mais saída. Mas lembrou, de que um dia, um cara de sua sala, um tanto quanto comum, mas que pensava diferente dos outros, não tivera medo, e falara de um Deus, de algo que poderia mudar uma realidade perdida.
    Este dia, nosso amigo, aquele simples universitário, com sua camiseta que dizia “fé que pensa, razão que crê”, entendeu, que da morte, da renúncia, surge vida. Enfim, viveu o que Cristo diz nas sagradas escrituras:
“e quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim.
Quem acha a sua vida a perderá, e quem perde a sua vida por minha causa a encontrará.Mateus 10:38-39




Um comentário:

Nelisa Brito disse...

Ahhh mew, que massa!
Curti pacas e vou tratar de passar pra frente!
Bjones